terça-feira, 27 de julho de 2010

O FIM DA LINHA

   Publico aqui, hoje, pela primeira vez uma página de O Fim da Linha, que foi uma banda desenhada que me é particularmente cara por vários motivos. Primeiro foi uma história que me veio à cabeça quando, um dia, revi o célebre filme de Fred Zinneman O Comboio Apitou Três Vezes (High Noon, no original). Fiquei deslumbrado com  aquela história do xérife que tenta angariar apoios para combater um bandido que ele ajudou a meter a prisão, que chegará no próximo comboio, com o intuito de se vingar. Claro está que, se no início todos o apoiam, porque ele é um homem recto e honesto, aos poucos todos, por cobardia ou  superiores interesses, o deixam só e abandonado... As mais variadas desculpas vêm então à tona...
   Considerei por isso, que este era um argumento excelente, não só para um filme de cowboys, como para qualquer outro género, uma vez que se trata de um ensaio notável sobre o ser humano. Pensei também que tinha uma actualidade sempre presente, independentemente da época em que se passava. Decidi então, eu próprio construir um argumento algo similar, com a diferença de que aqui a pequena cidade do oeste, se podia converter numa aldeia do interior de Portugal. Considerando também que este foi um dos primeiros filmes, cuja acção se passa em tempo real, decidi usar um artifício para a bd. De uma página para a seguinte, trancorriam cinco minutos e em todas as páginas tive a preocupação de colocar um relógio que ia marcando a cadência do tempo. Se nalgumas, ele está claramente visível, noutras surge unicamente como um simples e quase oculto pormenor... Mas está lá.
   Decidi então que colocaria a acção na viragem do milénio (no caso de 2000 para 2001), e faria coincidir o climax com os festejos do novo ano que se avizinhava. Por fim, considerava que a forma como o filme terminava era um pouco romântica. Nesse sentido, decidi que o final da minha história seria mais pessimista. Contudo, para mim, ela, após alguns anos de trabalho, teve o mérito de ser integralmente publicada nas extintas Selecções BD. Para mim, foi, por isso, um desenlace feliz...
   A personagem que hoje mostro é a que, no filme, foi desempenhada por Grace Kelly (é a outra menina que surge no lado direito do blogue), no momento em que, finalmente mata o vilão (mais uma variante em relação ao filme). E, para finalizar, resta-me dizer que foi também a minha primeira obra digital publicada.

9 comentários:

  1. Lembro-me bem desta tua história. Sempre a achei do mais inovador em termos de técnica na altura em que a li pela primeira vez.
    O engraçado é que ainda este fim de semana estive com ela em mãos. Lol

    Abraço. :)

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  2. O que mais eu posso dizer sem cair na repetição? Página incrível! Arte maravilhosa! E a história deve ser empolgante!
    Abraço!

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  3. Desenhos magníficos, João!! A tua qualidade ilustrativa não pára de me surpreender.
    Tencionas publicar mais páginas aqui no blog?? Podias agregar todas as páginas num ficheiro PDF e disponibilizar para download, era uma boa maneira de publicitar a tua arte fabulosa... fica a sugestão :D

    Um abraço.

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  4. Simplesmente espectacular João! Pelos vistos começaste logo com o pé direito, na tua publicação em obra digital, pois criaste um trabalho a todos os níveis admirável! De realçar as tuas figuras humanas, sempre muito bem caracterizadas e muito reais e a tua concepção da distribuição das vinhetas, que estão dispostas de um modo muito inteligente em bem conseguido!

    Os meus parabéns, grande Mestre João! ;)

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  5. bem a tua narrativa gráfica é absolutamente estonteante :D, meu amigo

    um grande super abraço e partilha todo esse trabalho fantástico com o pessoal :D

    Super abraço
    Raz

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  6. OCP,
    Há coincidências engraçadas, não há? Um abraço.

    Gio,
    Afirmativo, baseei-me no Dolph. Penso que ele tem um visual perfeito para vilão. Um abraço.

    Eric,
    Para mim pelo menos, posso dizer que esta é provavelemente uma das histórias que me deram mais gozo a fazer até hoje. Um abraço.

    Luca,
    Fica descansado que irei publicar mais coisas sobre esta história aqui no blogue. Em relação ao que me sugeres, se nos encontrarmos eventualmente na Amadora, poderemos falar melhor sobre isso. Eu não me importo de disponiblizar a história para download, até porque já ganhei o que tinha a ganhar com ela e reconheço que, apesar da temática ser sempre actual, ela também é muito datada, uma vez que se passa na viragem do milénio. É que eu nestas coisas de internet ainda sou um bocado novato e não sei exactamente como é que isso se faz. Um abraço.

    Paulo Marques,
    Obrigado mais uma vez palo incentivo e posso-te dizer que esta história foi para mim um desafio a vários níveis. Primeiro, só a podia publicar se fosse a preto e branco. E eu gostei tanto do resultado final que, apesar de a ter feita a cores, considero que tem muito mais impacto a preto e branco. Para além disso, adorei trabalhar os efeitos de luzes e os contrastes, pois como deves ter precebido, passa-se integralmente à noite, ao contrário do filme. Um abraço.

    João,
    Vê o que respondi ao Luca. E, se souberes alguma coisa, podemos falar melhor sobre isso quando nos encontrarmos daqui a umas semanitas. Um abraço.

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  7. Esta mora nos baús lá de casa!
    A rever (ler) um dia destes!

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  8. Paula,
    Pois, esta já tem uns anos e foste provavelmente uma das pessoas que acompanhou a sua feitura. Bjs.

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