sexta-feira, 26 de agosto de 2011

LUANDA CARTOON II - OS ACONTECIMENTOS

Os irmãos Sousa, agora ao vivo e a cores... Foto: João Mascarenhas
Eu, o Gabriel, o Fábio, a Laura, a Susana (a tradutora da Laura) e o Lindomar no palco no dia da inauguração. Foto cedida por Olímpio de Sousa

A sala de exposições no dia da inauguração. Foto cedida por Olímpio de Sousa

Não, não é uma invasão de extraterrestres... É o público a assistir à projecção da BD do João, da Cris e do Gastão. Foto: João Mascarenhas

   Se, na semana passada, quis partilhar um pouco do que foram as exposições do Luanda Cartoon, hoje escreverei sobre o que foram os nossos dias, enquanto por lá estivémos. E, logo na inauguração, o Lindomar "prega-nos uma partida" e diz-nos que temos que subir ao palco para falarmos um pouco dos workshops que iremos apresentar ao longo da semana. Isto, numa sala a abarrotar de público, conforme podem ver. Felizmente, há um pequeno interlúdio musical muito agradável, para serenar o (meu) nervosismo e a coisa até, julgo eu, nem corre muito mal. Nessa sessão inaugural, são também apresentadas algumas animações de pessoal que, de uma ou outra forma, tem trabalhado com a organização e o filme que serviu de base ao cartaz, da autoria de Carlos Caldeira. E, é também aí, que o João Mascarenhas exibe uma banda desenhada em 3D, feita há algum tempo, para as comemorações dos vinte anos da Tertúlia de Banda Desenhada de Lisboa, do Geraldes Lino, feita em pareceria com Cris Lou e Gastão Travado.
Vista geral da expoisição no Belas Shopping. Foto cedida por Olímpio de Sousa
Em pleno trabalho no Belas Shopping. Fotos: João Mascaranhas e cedidas por Olímpio de Sousa
Olhem quem é que resolveu aparecer por lá. Este miúdo mete-se em todo o lado... Foto cedida por Olímpio de Sousa



   O sábado e o domingo são dias intensos de trabalho. Uma vez que o núcleo da exposição centrado no Instituto Camões está encerrado durante o fim-de-semana, rumamos ao Belas Shopping, onde estão expostos mais alguns trabalhos, sobretudo do pessoal ligado ao cartune e à caricatura. E, aí, foi uma azáfama. No início, ainda consegui fazer alguns desenhos soltos, nomeadamente do Fred, para oferecer como recordação, mas cedo percebi que as pessoas queriam era caricaturas. Ora aí, estava a nadar como peixe fora de água. Digo então que, quando muito, posso tentar ensaiar uns retratos rápidos. Bem, tanto para mim, como para os meus colegas, penso que a experiência foi positiva, uma vez que durante as horas em que trabalhámos, o que eu consegui ver do centro comercial, foi pessoas à nossa frente...
O brinde no Belas. Foto: João Mascarenhas

   Mas o Belas Shopping também nos proporciona alguns momentos de convívio nas poucas horas vagas que tivémos e deixo aqui um brinde ao sucesso daquele que, para mim, foi um festival exemplar e invulgar que nos deixou (e aqui penso que posso falar em nome de todos) marcas indeléveis...
Os workshops e o momento em que observávamos a apresentação da Laura. Fotos: Hamilton Bonga, João Mascarenhas e a última cedida por Olímpio de Sousa

Os autógrafos depois dos workshops. Fotos: Hamilton Bonga

A iniciativa em que os irmãos gémeos deram umas dicas sobre como fazer BD. Foto:Hamilton Bonga

Vista geral do público num dos workshops. Foto: Hamilton Bonga

   Com o início da semana, começam então os workshops, normalmente seguidos de uma pequena sessão de autógrafos. Mas, pouco tempo antes, o Gabriel Bá e o Fábio Moon têm a ideia de dar umas dicas, com papel, lápis e canetas ao pessoal do estúdio, sobre banda desenhada. Infelizmente, e apesar de ser uma iniciativa muito engraçada, que cedo suscita o entusiasmo de todos os que a ela assistem,  é uma sessão que não poderei ver na sua totalidade, pois, a certa altura, tenho que me retirar para preparar a minha palestra. Sou eu, portanto, o "primeiro gladiador a subir à arena". Uma vez que uma das vertentes do Festival se debruça sobre a arte digital, decido realizar uma versão melhorada do que já tinha feito há algum tempo numa iniciativa do Amadora BD, e mostrar um powerpoint com vários trabalhos desde o esboço até à arte final. Uns com traço preto e outros formados unicamente por pintura digital. Sobre isso, tenho também aqui no blogue algumas publicações com o título genérico making of.
   No dia seguinte, é a vez dos irmãos gémeos relatarem a sua experiência desde os primórdios até à actualidade, numa palestra muito interessante intitulada: Dois Irmãos, Dez Pãezinhos, Uma História. Aí, com palavras e desenhos, narram um pouco do que já fizeram, da sua paixão pela banda desenhada, do seu trabalho contínuo e das experiências que lhes permitiram evoluir até aos dias de hoje, em que formam uma dupla de sucesso premiada não só no seu país de origem, como no estrangeiro.
   Depois, é a vez do João Mascarenhas que apresenta A Edição Digital de Banda Desenhada: Os Novos Suportes para a Leitura. Como  o próprio nome indica, é também uma palestra entusiasmante, em que o seu orador fala um pouco sobre as novas possibilidades técnicas e tecnológicas, que se abrem actualmente para a edição e publicação de banda desenhada. Nesse contexto, insere o trabalho que está a preparar, Butterfly Chronicles, que está pensado para ser editado não só em papel, como em formatos alternativos como, por exemplo, o iPad e mostra uma vez mais o que pode ser o 3D ao serviço da BD.
   Sobre o workshop da Laura Sassaroli, intitulado Técnicas, infelizmente não poderei falar muito, porque na altura em que ela se encontra a orar, eu e o Mascarenhas estamos já a caminho do aeroporto, para regressar a Portugal. No entanto, gentil, a autora italiana mostrou-nos a nós e aos gémeos Bá e Moon (que deixaram Luanda um dia antes de nós) o que iria ser a sua palestra, onde mostraria alguns dos trabalhos que tem realizado, quer a título pessoal, quer como desenhadora integrada em trabalho de estúdio, e iria dissertar um pouco sobre as várias técnicas que se podem utilizar para fazer uma BD. Por aquilo que vi, prometia ser também uma palestra interessante e desejo aqui que tudo lhe tenha corrido bem.
E cá estou eu e o João Mascarenhas nos estúdios Olindomar. Foto cedida por Olímpio de Sousa

   A fechar a semana, há ainda espaço para uma conferência sobre o trabalho do estúdio, que infelizmente também não vi. Mas pude ver in loco, a excelente empresa que está a ser realizada pelos irmãos Sousa, que acalentam o sonho de ensinar e divulgar banda desenhada às gerações presentes e futuras. Sobre esse assunto, penso que o João Mascarenhas no seu blogue  O Menino Triste diz tudo, num pequeno texto sobre a grande parcela do sonho que já foi feita e o que falta ainda fazer  para que as ideias dos irmãos tenham pernas para andar. Sobre isso, lanço apenas aqui o repto a alguém que se digne, no sentido de ajudá-los a transportar os livros que já lhes foram oferecidos aqui em Portugal, com vista à criação de uma bedeteca, que possa estar ao serviço dos leitores angolanos de modo geral e dos alunos do estúdio em particular. E, como toda a gente sabe, ver o trabalho que outros já realizaram, ajuda-nos muito a construir o nosso próprio percurso, a ter ideias e a aprender técnicas e formas que depois poderemos desenvolver por nós próprios. E mais uma vez, digo que em Angola não falta talento (bem pelo contrário). Falta, por vezes, desbloquear alguns canais institucionais para poder dar corpo a projetos, sendo que, por vezes, nem é tanto apoio financeiro que se pede, mas a outros níveis. Como o que já vi realizado, me leva a ser optimista, espero que esses canais sejam libertos e que o sonho dos irmãos Sousa vá ganhando forma, como tem ganho o do Festival ao longo destes oito anos de existência.
Eu e o Mascarenhas a ser entrevistados. Fotos: Hamilton Bonga

Com a mersma entrevistadora: eu, o Lindomar e os irmãos Bá e Moon. Fotos: Hamilton Bonga

Laura, o João, os irmãos Sousa e eu em conversa com David Brooks, um diplomata norte-americano e um grande apaixonado pela banda desenhada. Neste momento estava-nos a mostrar alguns dos exemplares da sua colecção e uma palestra que tinha dado em que o tema era precisamente sobre a nona arte. Foto: Hamilton Bonga

Todos quiseram posar com as meninas... Fotos: João Mascarenhas e cedidas por Olímpio de Sousa

E cá estou eu com o João, a Laura, a Susana, o Lindomar e os apresentadores, numa foto que recordará a minha estreia num programa de rádio. Foto cedida por Olímpio de Sousa

   De resto, posso ainda dizer que estes foram dias muito vividos, desdobrados em entrevistas, contactos, conversas informais e muito convívio. Falando em ideias, posso referir que ficou também no ar a ideia da criação de um fanzine com trabalhos feitos em todos os países que falam português. A ideia começa agora a ganhar corpo, através da criação do blogue BDLP.
   Fica, por isso, mais uma vez o meu agradecimento por estes excelentes dias que passei fora da caverna (que é, como quem diz, o meu local de trabalho), pois todos sabem que esta é uma profissão algo solitária. Daí que, estas iniciativas sejam, por mim, sempre aplaudidas, pois são a oportunidade de discutirmos experiências, caminhos, ideias, projetos e até de colocar a conversa em dia... E do Luanda Cartoon, depois desta experiência de estreia, fiquei um admirador incondicional.
É fácil de ver quem é que foi molhar os pézinhos ao oceano.... Foto tirada, julgo eu, pelo Lindomar, com a máquina do João Mascarenhas


O autor deste blogue visto pelo Fábio Moon. Esta é mais uma que guardarei com carinho e admiração...



E para finalizar uma magnífica vista sobre a baía de Luanda.... Foto: João Mascarenhas

8 comentários:

  1. Muuuitos parabéns, João!
    Parece que a exposição foi animada!
    Com direito a palestras e afins... à altura do grande artista que és, e certamente os outros também. É excelente que estes eventos para mostrar a arte viva vá existindo, porque nem sempre é fácil.
    Beijinhos
    Anabela

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  2. Muito bom trabalho. viva a Banda Desenhada....

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  3. Anabela,
    Obrigado pelas tuas palavras de encorajamento. E o que é que te posso dizer? Sim, de facto a exposição foi animada e proporcionou-me uns dias verdadeiramente inesquecíveis. Em relação ao que dizes, tens razão: isto de viver da arte nem sempre é fácil. Torna-se mesmo por vezes muito difícil. O que vale é que a paixão nos vai mantendo. Bjs.

    Júlio Pinto,
    Obrigado e concordo contigo, tanto que também eu digo: Viva a Banda Desenhada. Por isso, garra nesses lápis e nessas canetas. Grande abraço.

    LARTE,
    Pois é verdade. Como disse, foi a minha estreia abaixo do equador. Grande abraço.

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  4. Pelos vistos verdadeiramente inesquecivel! Discursou, desenhou, celebrou e até molhou os pés (em água bem quentinha, espero). Venham mais destas João! Mereces todos os sucessos!

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  5. Paula e Rui Luís Lima,
    Obrigado aos dois pelo encorajamento e posso-vos dizer que os dias em Angola foram de facto muito bem passados. Tão bem passados que o tempo voou. Em relação à água, posso afirmar que estava de facto quentinha. Isto apesar de estarmos, como direi, na estação supostamente mais fria. Bjs e um abraço.

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  6. Puxa, que maravilhoso! O que eu mais gosto em convenções como essa são as histórias que ficam para serem contadas depois. E o contato que se faz com autores que admiramos ou que acabamos por conhecer. Gostei muito de ler essa postagem de seu blogue e também do sucesso que vocês fizeram por lá.
    Abraço!

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  7. Eric,
    Concordo em absoluto contigo. Além de que estas convenções permitem um convívio entre todos que é sempre muito gratificante. Saimos sempre muito mais ricos do que entrámos. E, de facto, este foi um festival que para mim foi verdadeiramente memorável. Um abraço.

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