quarta-feira, 26 de outubro de 2011

JOSÉ PIRES - 50 ANOS A FAZER BD

Uma imagem feita muito antes de eu, sequer, sonhar vir a este mundo...
Vista geral da entrada da exposição
Magnífico painel que reproduz na perfeição uma vinheta de Will Shannon - O Poço da Morte
Primeira capa desenhada e publicada pelo José Pires, na altura simplesmente Zé... 
   O José Pires, a exemplo de muitos outros desenhadores, acompanhou-me durante a minha juventude. Lembro-me das suas páginas, publicadas no Mundo de Aventuras, normalmente movimentados westerns, cujas sequências de movimento me deixavam de boca aberta. Não foi muito difícil de imaginar que se tornasse, para mim, numa referência a reter.
   Imaginem por isso, qual não foi o meu espanto, quando no longínquo ano de 1994 ele me aparece à frente. Nessa altura, eu estava em delírio, a cumprir um sonho que me acompanhava desde a infância. Editava A Voz dos Deuses, o meu primeiro álbum da banda desenhada. Entusiasmadíssimo, dava autógrafos (precisamente no Festival da Amadora), quando reparo no semblante do homem que já conhecia através do seu trabalho e de fotografia. Pergunto então: "Mas você é o José Pires, o desenhador daquelas fantásticas cowboyadas que me habituei a admirar, não é verdade?". Ele, claro, sorriu e respondeu que, não só eu era seu fâ, como ele tinha passado a ser meu. Claro que foi gentil nas palavras, mas a partir daí cimentou-se entre nós uma amizade, que tem prevalecido ao longo dos anos.
   De lá para cá, temos contactado regularmente e posso dizer que muito do que sou hoje a ele o devo. Se já o admirava como desenhador, passei a admirá-lo como pessoa. Não me esqueço que foi o José Pires que me ajudou no capítulo da documentação gráfica. Foi também o José Pires que me aconselhou a trabalhar com um Macintosh, quando tirei o curso de desenho assistido por computador. Foi o José Pires que, pacientemente, me deu algumas dicas muito importantes sobre como trabalhar com um computador e foi o José Pires que, ao longo destes anos me tem ajudado várias vezes no meu percurso. Por isso, hoje tenho a honra de dizer que o Pires, mais do que alguém que admiro, é um amigo. Ah... e, já me esquecia, foi com o José Pires que fui pela primeira vez a Angoulême, cumprir outro sonho.
O homenageado com António Moreira (à esquerda), Cristina Gouveia e Nelson Dona (à direita)
   Fiquei, por isso, muito contente quando soube que os 50 anos do percurso do Pires iam ser lembrados pelo Amadora BD. Quem o conhece, sabe bem que ele é modesto e não se considera digno dessa homenagem. Mas, aí discordo dele, uma vez que a exemplo do que acontece com o José Ruy, o Eduardo Teixeira Coelho, o Fernando Bento, o Vítor Péon, o José Garcês, o Augusto Trigo ou o Jorge Magalhães, entre outros, é já dono de um notável percurso que fez e fará História na BD portuguesa. E, para além do mais, a exposição está magnífica, representando não só o trabalho que ele tem feito ao longo dos anos em Portugal e no estrangeiro, como algumas das técnicas que ele utiliza. E é engraçado ver que, apesar de trabalharmos os dois em computador, o fazemos de formas diferentes, não obstante, como já disse e repito, tudo o que sei hoje nesse domínio, aprendi em grande parte com ele.
   Vale por isso a pena ir à Biblioteca Municipal Dr. Fernando Piteira Santos (que se situa em frente à Academia Militar), uma vez que esta exposição, a exemplo do que acontece com as outras, está verdadeiramente espectacular e cumpre em pleno a homenagem que pretende fazer... Quanto a mim, deixo aqui de forma singela este meu pequeno tributo àquele que considero ser um dos meus grandes mestres...
Fotos: Cristina Amaral


Uma vinheta do esboço à arte final
O movimento é sempre uma constante nos trabalhos do José Pires
O José Pires continua a ser um desenhador que ilustra batalhas como poucos...
Eu, momentos antes de reparar que na fila se encontrava o José Pires (à direita)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

ESQUIÇOS

Deixo hoje aqui um esboço que encontrei por acaso, perdido no meio de muita bonecada. Trata-se do início de uma ilustração que utilizei para o álbum História de Manteigas - No Coração da Estrela. A situação prendia-se com uma batalha entre lusitanos e romanos, com elefantes vindos do norte de África, que se teria travado por aquelas paragens. A História encarregou-se de nos dizer que essas batalhas se deram, de facto, mas mais ao sul da península ibérica. Todavia, ficam as lendas populares que continuam a ser um excelente veículo  para exercitar a imaginação...