Eu e o Jorge Magalhães, no lançamento de Cinzas da Revolta (Foto de Anabela Loureiro) |
Eu, o Jorge e Dâmaso Afonso em Moura, à volta da BD , como não podia deixar de ser |
Mais uma vez em Moura, eu, o Jorge e o Carlos Rico na conversa... |
É com uma profunda tristeza que deixo aqui umas linhas sobre o Jorge Magalhães, que deixou de estar entre nós, no passado sábado. Quem está na banda desenhada, conheceu o Jorge como argumentista, editor, colecionador, entusiasta ou profundo conhecedor de tudo o que à BD diz respeito. Mas eu quero recordar aqui sobretudo o grande amigo que perdi. Conheci o Jorge há muitos anos. Devia ter uns 16 ou 17 anos quando fui com um projeto, era ele editor do Mundo de Aventuras. O meu trabalho foi recusado, porque o desenho precisava de amadurecer. Mas, já nessa altura, recordei o Jorge como sendo alguém muito ponderado e construtivo, que nunca nos fechava a porta. Lembro-me que, na altura me incentivou a continuar e a melhorar certos aspectos aqui e acolá. Estava, no entanto, nesse momento muito longe de saber que ele se iria tornar um grande amigo...
Depois, comecei a ter algumas conversas com o Jorge, quando lancei o meu primeiro álbum A Voz dos Deuses e recordo com saudade, quando me dirigi a ele com alguns trabalhos, era ele editor das Seleções BD. Lembro-me que levei algumas histórias em estilo realista e outras cómicas. Nessa altura, o Jorge deu-me força para publicar na revista alguns projectos que entretanto desenvolvi e foi nas Seleções BD - 2ª Série que saíram alguns episódios de O Que Há de Novo no Império? e O Fim da Linha, o meu remate de O Comboio Apitou Três Vezes, que ele muito acarinhou, sugerindo-me até algumas ideias para melhorar a história.
Foi aí que a nossa amizade se cimentou e recordarei até ao fim dos meus dias as longas conversas que mantivemos nos anos seguintes, sobre os mais variados assuntos. Lembro-me, por exemplo, do dia em que o Jorge me propôs ilustrar um argumento seu para o livro Vasco Granja - Uma Vida, 1000 Imagens, e que narrava de uma forma fantasiosa o encontro de Vasco Granja com Hugo Pratt, que viria a resultar na publicação de Corto Maltese na revista Tintin. E, recordo-me do Jorge dizer que tinha escrito aquela historia propositadamente para mim, pois sabia que ia ter elementos que me iriam dar um profundo prazer explorar. E não se enganou...
A partir desse momento, ainda desenvolvemos alguns projetos, uns que ainda ficaram completos, como a história curta de ficção científica OK Corral, que já publiquei neste blogue (aqui) e que, poderia ser o ponto de partida para vários projetos de histórias curtas, precisamente de ficção científica. Ainda chegámos a elaborar alguns que, infelizmente não se concluíram, mas que um dia destes poderei apresentar aqui no blogue. Mas as mais gratificantes memórias que guardo do Jorge Magalhães têm a ver com as nossas muitas e longas conversas sobre os mais variados assuntos e que permitiam muitas vezes assinalar a nossa paixão comum pela banda desenhada, as séries televisivas ou o cinema, para referir apenas alguns exemplos.
A partir desse momento, ainda desenvolvemos alguns projetos, uns que ainda ficaram completos, como a história curta de ficção científica OK Corral, que já publiquei neste blogue (aqui) e que, poderia ser o ponto de partida para vários projetos de histórias curtas, precisamente de ficção científica. Ainda chegámos a elaborar alguns que, infelizmente não se concluíram, mas que um dia destes poderei apresentar aqui no blogue. Mas as mais gratificantes memórias que guardo do Jorge Magalhães têm a ver com as nossas muitas e longas conversas sobre os mais variados assuntos e que permitiam muitas vezes assinalar a nossa paixão comum pela banda desenhada, as séries televisivas ou o cinema, para referir apenas alguns exemplos.
Por isso, a imagem que guardarei para sempre comigo do Jorge é a de uma pessoa afável, com uns olhos a vibrarem de entusiasmo, como parte integrante de uma cabeça que funcionava sempre a mil. E, é por isso que o seu desaparecimento provocou em mim a estranha sensação de que é também um pouco de mim que se vai embora, pois tenho a certeza que tê-lo conhecido me enriqueceu como pessoa e me deixou marcas indeléveis.
Quero, no entanto pensar que, a partir de agora, o Jorge irá cavalgar em longas pradarias, onde encontrará finalmente os mestres que muito admirou e que, também eles, já desapareceram, para ter longas e muito frutuosas conversas sobre tudo e mais alguma coisa. Quero acreditar que, depois do sofrimento que marcou os seus últimos dias, ele agora está em paz, para que, um dia, quem sabe, possamos retomar então as nossas conversas. Por isso, não me despeço dele e digo simplesmente: até um dia, meu amigo...
Fotos: Cristina Costa Amaral
Uma das várias ilustrações que fiz para um conto escrito por Jorge Magalhães |
Gostei muito deste teu testemunho que vibra cheio de admiração e ternura por esse meu companheiro de 40 anos de vida... Muito obrigada, João Amaral
ResponderEliminarPois, isto foram apenas alguns elementos de uma pequena homenagem a um grande amigo que sinto que perdi. Mas, Catherine, sei que neste momento, por razões óbvias, a sua dor é muito superior à minha. Fico, no entanto, satisfeito por ter gostado destas minhas linhas. Bjnho grande e força, apesar de saber que estes momentos são sempre muito difíceis.
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