Capa do livro que estará disponível a partir de 8 de Setembro |
Hoje apresento-vos Mariana, a minha mais recente heroína, em mais uma adaptação literária que fiz para banda desenhada. Desta vez, trata-se de Rosa, Minha Irmã Rosa, o livro de Alice Vieira que estará à venda nas livrarias já a partir do próximo dia 8 de Setembro.
Este foi para mim um projeto que implicou um grande desafio, apesar do livro ser relativamente pequeno, já que, em certa medida, saí da minha zona de conforto. Assim, foi a primeira história em que desenvolvi uma heroína que é uma criança que se vê confrontada com realidades novas que invadem a sua rotina, nomeadamente o nascimento recente da sua irmã. Mas foi também uma forma de dizer à Alice Vieira que a sua escrita é tão absorvente e aparentemente simples que ela própria poderia escrever guiões para banda desenhada. Já a desafiei várias vezes para fazermos uma experiência nesse sentido. No entanto, como ela considera que isso lhe é muito difícil, passei naturalmente ao passo seguinte que foi o de adaptar para BD um romance seu que já teve o condão de maravilhar avós, filhos e netos. Basta referir que não tive que mexer muito nos diálogos para poder adaptar esta história que mostra que a realidade pode ser também um bom veículo para sonhos e fantasias...
No entanto, se a escrita da Alice é maravilhosa, em termos de adaptação, este livro criou-me algumas dificuldades. Em primeiro lugar, como disse, trata-de de uma história vista sob o ponto de vista de uma criança, o que me levou a efectuar vários estudos (que não foram tão poucos como isso) até chegar a um visual que me satisfizesse plenamente. A Mariana não teve portanto um parto fácil. Para além disso, é uma história que se passa quase integralmente dentro de casa e em ambientes citadinos, o que me levou a ter que colocar um pouco de lado os grandes ambientes naturais de que gosto muito. Ainda assim, dei algumas voltas ao miolo para poder conseguir integrar algumas paisagens um pouco diversas.
Para além disso, foi um livro produzido em parte nesta estranha época que é a da pandemia e, apesar da história se passar na década de 70, houve fragmentos que me reportaram inevitavelmente aos tempos actuais. Por exemplo, a última vinheta só podia ter sido concebia nesta insólita realidade que vivemos. Foi portanto uma obra com muitos ambientes caseiros, concebida num tempo em que mal pude sair de casa...
Mas, no geral foi um livro que, por razões diferentes dos outros, me deu muito gozo desenvolver e espero ter conseguido prestar uma homenagem a este mundo que a Alice soube tão bem criar e desenvolver e que mais não é do que uma incrível viagem às nossas próprias memórias.
Seja como for, o resultado final desta maravilhosa viagem está aí e tenho a esperança de que seja mais um instrumento para nos ajudar a visualizar algumas pequeninas coisas que fazem parte do nosso próprio percurso de vida, reportando-nos para a criança que fomos e queremos continuar a ser. Fica, por isso, a finalizar um agradecimento muito especial à Alice que acompanhou e incentivou este projeto com a sua contagiante alegria e apoio...
Uma prancha do livro |
Mariana, a minha mais recente heroína |
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